terça-feira, 10 de novembro de 2015

Providence 05 - Extras


De volta com mais uma saraivada de referências. A ilustração acima é uma das capas variantes para esta edição. Abaixo trago as outras capas variantes. Lembrete: só leia este post após ler (e reler) Providence 05. Quaisquer observações ou dúvidas, comente! Para continuar, clique em "expandir postagem" logo abaixo.






Pag 00 - Capa (Regular)
A casa retratada na capa é a de "The Dreams in the Witch House", Sonho na Casa das Bruxas , de HPL. Este seria o conto base para esta edição mas, assim como em edições anteriores, elementos de A Cor que Veio do Espaço se farão bem presentes. Recomendo também Herbert West - Reanimator, que começa a ser referenciado nesta edição e certamente estará mais presente na próxima edição. Na indicação que fiz deixei a adaptação do conto em uma ótima HQ que foi traduzida por mim aqui no Gibiscuits. Como veremos adiante, em Providence a casa está localizada nos arredores de Manchester, New Hampshire.

Pag 02
    O sujeito correndo à esquerda, pela calçada, no primeiro quadro, é Robert Black, que também está dentro do carro. Ao que parece estamos diante de algum looping temporal. Isso fica mais evidente depois.
    O motorista, cuja mão vemos ao volante, é um certo Sr. Jenkins, que vemos mais adiante. No conto base, seria análogo a Brown Jenkins, a criatura de estimação de Keziah Mason
    No quarto quadro vemos a Faculdade São Anselmo, que aparecerá na capa de Providence 06. Como já foi dito na edição anterior, a São Anselmo é uma analogia para a Universidade Miskatonic.
    O meteorito, que é bastante mencionado nesta edição, refere-se ao conto A Cor que Veio do Espaço. Na edição anterior falamos disso.
    O veículo, como vemos adiante em diversas oportunidades, é um Buick Roadster. Abaixo, um modelo de 1922.


Pag 03
    O título da edição faz referência a dois contos de HPL, Os Ratos nas Paredes, e Entre as Paredes de Eryx. Recomendo a leitura de ambos. Ótimos contos curtos.

Pag 04
    A obra árabe é o Kitab Al-Hikmah Al-Najmiyya, também conhecido como Alfarrábio de Hali ou só Kitab, como é informalmente chamado em Providence. Lembrando que este seria o análogo do Necronomicon. Mais sobre isso pode ser visto em Providence 02 e sua seção de extras.
    A Stella Sapiente - A Venerável Ordem da Stella Sapiente, em sua definição integral. Mais sobre isso em Providence 02 e sua seção de extras.
    O emblema no alto da parede no segundo quadro é uma variação do emblema da verdadeira Faculdade São Anselmo.
    O bibliotecário, Dr. Wantage, é a versão Providence do Dr. Henry Armitage, de O Horror de Dunwich. Ele era o bibliotecário da Universidade Miskatonic.
    "(...) um vocabulário e um alfabeto inventado(...)" — isso parece confirmar que a porção indecifrável do Kitab é de fato Aklo. "Yr nhhngr" é uma das palavras Aklo que Johnny Carcosa dá a Sax em O Pátio 02. Criptografia e alfabetos inventados eram comuns em obras Árabes medievais de alquimia.
    "Tempo recolhido" — no original "nested time", é uma expressão de significado bem hermético, podendo significar "tempo encapsulado" ou algo do tipo. Isso meio que descreve o looping temporal experimentado por Black.
    Vemos pela primeira vez o Dr. Hector North, a versão de Herbert West para Providence. Note que "North" é Norte e "West" é Oeste em português. O Sr. Moore gosta desses joguinhos. Perceba que a gravata do Dr. North é um indicativo da homossexualidade velada deste, o que é confirmado com clareza logo em seguida.
    Goffs Falls é uma queda d'água do Rio Merrimack e o Riacho Sebbins é um afluente do Merrimack. Todos os pontos de referência mencionados nesta edição existem de fato, embora na ficção de Moore haja uma certa "licença poética" quanto à precisão de suas localizações. No mapa que eu deixo aqui marquei alguns dos pontos e os leitores mais perspicazes entenderão do que estou falando.
    O emblema à esquerda, próximo ao ombro do Padre Race, é um brasão de armas e tem alguma semelhança com o brasão da Diocese de Manchester.

Pag 05
    "Os quatro métodos" — como vimos nas edições anteriores, os quatro métodos são: dieta, temperatura, transferência de almas e revitalização de cadáver. O Dr. North pratica o quarto.
    O Dr. Hallesley mencionado aqui aparenta ser o equivalente ao Dr. Allan Halsey, de Herbert West - Reanimator.


Pag 06
    "Alguém que sabe se virar por Greenwich Village" — é um jeito sutil de dizer que entendeu que Black é homossexual. Greenwich Village, como dito em edições anteriores, é um reduto gay na baixa Manhattan.
    North responde a Black dizendo de uma forma velada que homossexualismo não é o problema, o que leva a crer que haveria outros homossexuais na São Anselmo. Os rumores sobre homossexualismo dentro de instituições católicas não é nenhuma novidade. North ainda enfatiza dizendo que o nome do meio do Bispo Bradley é Mary (Maria), o que remete à prática de alguns homossexuais de adotar um nome feminino em certas ocasiões, assim como Jonathan (Lily) Russell.
    "(...) apreciamos um corpo viril em boas condições (...)" — tem um duplo significado, podendo tanto se referir a um interesse meramente sexual quanto ao interesse que North tem em sua prática de reviver cadáveres.
    "(...) mais do tipo revivalista." — outro duplo sentido: pode se referir à reviver cadáveres ou a um tipo de Cristianismo não Católico que tentou se aproximar mais das raízes do Cristianismo em detrimento da laicização progressiva da Igreja Católica.
    A Rua da Estrada de Ferro e a Rua Granito existem mesmo. Vejam o mapa que marquei aqui.


Pag 07
    Vemos aqui Elspeth (White...? Wade...?) que aparenta ser a equivalente de Asenath Waite, a vilã de "A Coisa no Umbral" (conto de HPL que já foi traduzido como "A Coisa na Soleira da Porta") que era capaz de fazer transferência de almas.
    "Só porque sou pequena você não precisa se portar como se eu fosse uma criancinha." — é uma referência a "A Coisa no Umbral". Nele a menininha Asenath está possuída pelo espírito de seu pai graças à transferência de almas.
    Black aparentemente se perdeu: ele não está na ponte que fica na cabeceira da rua Granito, mas rio acima na Rua da Ponte. Ele e Elspeth aparentam estar na Ponte MacGregor.

    Há mesmo uma Escola Glover em Marblehead.
    Aqui Elspeth fala mal da reputação do Dr. North. Ela está se referindo à atividade "revivalista" dele, inclusive ao usar o termo "chocante" (choques elétricos eram parte do procedimento de reanimação de cadáveres de Herbert West - Reanimator). Contudo, Black entende que ela se refere ao homossexualismo de North.


Pag 08
    "A serraria de John Goffe (...) em 1772 (...)" — é de fato parte da história de Manchester, mas Elspeth a conhece provavelmente porque está possuída por um espírito muito mais antigo que pode ter vivido esse período histórico.
    Comparem as ilustrações desta página com esta vista do Google Street View.
    "História é minha melhor matéria (...) do meu papai Edgar, que já faleceu." — outra referência a "A Coisa no Umbral".


Pag 09
    Aqui vemos Hezekiah Massey, mas ela está sendo chamada por Sra. Macey, que tem uma sonoridade bem parecida e pode ser facilmente confundida. Como vimos nas edições anteriores, esta personagem de Providence é a equivalente de Keziah Mason, de "Sonhos na Casa das Bruxas".
    Cidade do Harry e Tyng são nomes antigos desse local que veio a se chamar Manchester.
    Na imagem da casa no primeiro quadro os leitores mais atentos perceberão que os ângulos e retas da casa não estão corretas ou proporcionais. No telhado em especial isso fica mais evidente. Observem com atenção. A casa na qual HPL se baseou ainda existe e pode ser vista na imagem abaixo. Obviamente Burrows usou outra casa como base para suas ilustrações.
    Para Massey/Macey dizer que "o jovem Goffe abriu seu moinho" ela não só estava viva em 1722 como já era velha o bastante para vê-lo como um jovem. De acordo com o panfleto de Suydam na edição 02, Massey nasceu em 1613, o que quer dizer que no momento em que ela aparece nesta edição ela tem por volta de 306 anos de idade.


Pag 10
    "A maior parte do tempo eu fico em outro espaço por aqui (...)" — isso se refere à capacidade de Keziah Mason de viajar além das três dimensões que percebemos.
    "(...) o povo da São Anselmo veio no ano passado e colocou este lugar em questão." — Uma sutil referência à Inquisição e ao fato dos homens da São Anselmo serem católicos.
    O Padre Upton que ela menciona parece se referir ao Prof. Upham de "Sonhos na Casa das Bruxas".
    Professor Bywood seria o equivalente do professor de física da Miskatonic, Atwood, em Nas Montanhas da Loucura. Para aqueles de vocês que não viram, o Gibiscuits trouxe uma excelente adaptação deste excelente conto que vocês podem conferir aqui. E se o link tiver caído, babau!
    Uma coisa sutil é que o formato das bordas dos quadros nesta página é bem reta e definida, o que em outras ocasiões (como em Providence 04, página 02, por exemplo) parece indicar que há uma percepção paranormal. Algo ou alguém está observando Black e Massey.
    "Eles falavam sobre como o tempo era uma medida como largura ou comprimento (...)" — uma percepção do tempo como uma quarta dimensão.
    Galharda é um tipo de dança medieval.
    A sedimentação é um fenômeno natural. Partes da fundação de uma casa podem ceder por conta de efeitos como erosão ou reacomodação de solo, causando empenos e rachaduras em partes da casa. Isso pode em casos extremos causar até o desabamento, como visto em "A Queda da Casa de Usher", de Edgar Alan Poe.


Pag 11
    Quando Massey/Macey fala que é uma honra ter Black em casa e elogia o trabalho dele, há um sentido sutil implícito aqui além do óbvio trabalho dele no Herald e como aspirante a romancista. Isso evoca o que ficou patente quando Hillman disse que ficou feliz por "encontrar o sujeito de quem todos estavam falando" e também certas falas de Garland Wheatley. Mais uma vez fica implícita a ideia de Black como um arauto (Herald, em inglês) de algum tipo.
    "(...) meu companheiro peludo, o sr. Jenkins." — mais uma referência a "Sonhos na Casa das Bruxas" e a criatura de outro plano dimensional evocada por Kesiah Mason.


Pag 12
    Noah Forester é o equivalente de Providence para Nahum Gardner de "A Cor que Veio do Espaço".
    Note novamente a borda do quadro 2, absolutamente retilínea. O que quer que os observe, está fazendo através dessa janela.
    "(...) caso eu não apareça quando você voltar." — isso significa que Massey/Macey poderia estar em um plano quadridimensional, como em "Sonhos na Casa das Bruxas".


Pag 13
    Primeira aparição do agente federal Frank Stubbs. Observe que parece ser ele quem estava com J. Edgar Hoover no sonho de Black em Providence 03.
    Em "A Cor que Veio do Espaço" a locação onde o meteorito caiu é descrita como cinco acres de uma desolação cinzenta, que se alastrou a céu aberto como se mata e campo tivessem sido corroídos por ácido.
Este desenho foi feito pelo próprio Lovecraft para passar uma ideia de como era o cenário em "A Cor que Veio do Espaço".


Pag 14
    No terceiro quadro temos uma coisa mais intrigante que o usual. Vemos, em tom de sépia para indicar passado (mais precisamente 1882), ao fundo a família Forester e à frente, da esquerda para a direita, o Sr. Wade, o então padre Denis M. Bradley e Winfield Scott Lovecraft, este último o pai de Howard Phillips Lovecraft. Aparentemente são membros da Stella Sapiente na década de 1880.

    Esse Sr. Wade foi mencionado por Tobit Boggs em Providence 03 e por Garland Wheatley em Providence 04. Wade é algum tipo de membro de alta patente da Stella Sapiente, e que foi responsável pelo rompimento com membros de classe inferior, incluindo os Boggs e os Wheatley.
    Sobre Denis Bradley falamos acima.
    O pai de HPL, Winfield Scott Lovecraft era um caixeiro-viajante da Gorham Silver Company e conhecido por seu forte sotaque inglês, embora tenha nascido na América, sendo por isso confundido diversas vezes com um britânico nato. Suydam se referiu a ele como "inglezinho engraçado" que vendia itens para a Refinaria Boggs. Em 1882 Winfield ainda não havia se casado com Susie Phillips.
    Alguns pontos do meteorito são visíveis no quadro 3, parecendo definitivamente artificial.


Pag 14
    "(...) algum tipo de musgo que mudou." — Mais uma referência direta a "A Cor que Veio do Espaço".
    "Tem quem fale de domos de proteção..." — isso se refere aos domos antipoluição cobrindo as grandes áreas urbanas, como descrito em Neonomicon e mencionado em O Pátio.
    "(...) Isso soa tão provável quanto eles fazendo cumprir a proibição..." — quando não está sonhando, Black é um péssimo palpiteiro. A proibição, que já foi mencionada em edições anteriores, foi o banimento federal das bebidas alcólicas, aprovada em 30 de junho de 1919 e que viria a entrar em vigor no ano seguinte.


Pag 16
    Estrela cadente é uma denominação popular para meteoritos.


Pag 18
    "De onde eu sou, tudo é como eu." — por óbvio, aduz-se que Jenkins não é "daqui" e nem é algo único, há outros como ele. Esta sequência faz mais sentido quando é revelado que Jenkins é de uma raça que viaja no tempo.
    Mais uma vez, notem que as bordas dos quadros estão retilíneas.
    "(...) um labirinto que não se vê (...)" — descreve a ambientação de "Entre as Paredes de Eryx", de Howard Phillips Lovecraft e Kenneth Sterling.
    Percebam que já no terceiro quadro vemos a ponta da cauda de Jenkins, o que Black só percebe no quarto quadro.


Pag 19
    Aqui, embora com Black "acordando", as bordas dos quadros continuam retilíneas, demonstrando algum tipo de percepção paranormal;
    "(...) todos nos mantemos vivos por nossos diferentes meios." — Massey/Macey está falando dos quatro métodos do Kitab.
    "Assim foi para que pudéssemos estar aqui para te ver." — isso aparenta estar relacionado com o status de Black como um arauto, o que vem sendo ventilado desde a terceira edição.


Pag 20
    É Jenkins que está mamando no seio de Massey. Era uma superstição comum acreditar que as criaturas de bruxas mamassem em seus seios e se alimentassem de seu sangue ou leite, e que daí crescia um novo mamilo no corpo, o que era conhecido como uma "marca de bruxa".
    Eu poderia falar de inúmeras razões pelas quais Massey está nua, mas acredito que seja por conta de sua total falta de pudor, como visto nos panfletos de Suydam.
    O Capitão do Navio a quem ela se refere é provavelmente Shadrach Annesley, que recorre ao canibalismo, como vimos em Providence 03.
    O francês, que trata-se de Etienne Roulet, usou o método de reviver um cadáver a partir de essências e sais como em "O Caso de Charles Dexter Ward".
    "Mas eu desvelei outro caminho(...)" — Massey afirma que seu método é diverso dos quatro descritos no Kitab. Minha suspeita? Tem a ver com o diabrete que está mamando nela.
    "Minha conservação não foi uma questão de gelo nem de uma carne (...)" — Ela cita o frio como preservação, como visto em Providence 01, e outros métodos do Kitab, mas deixa de fora a transferência de almas.


Pag 21
    "Naquelas paragens estranhas a Euclides (...) — ela se refere a estar fora da geometria euclidiana, mais precisamente à hipergeometria de "Os Sonhos na Casa das Bruxas" e outros contos de Lovecraft.
    Ainda nesse primeiro quadro, embora não seja tão óbvio, há uma sugestão de que Jenkins na verdade seja um membro dos "Hounds of Tindalos" (Cães de Tindalos, de Frank Belknap Long, um amigo de HPL). Pelo que aferi, esses seres seriam biologicamente imortais e viveriam fora do nosso espaço-tempo; daí meu palpite que Massey tem algum pacto com Jenkins por sua imortalidade. Eu nunca li esse conto, mas espero poder em breve suprir essa falta.
    Quando Massey fala que xoxotas são escassas, temos uma referência à falta de elementos sexuais ou mesmo femininos na prosa de HPL, e também à natureza patriarcal da Stella Sapiente.
    Notem que a lua está cheia agora, diferente do que vimos na página 14, segundo quadro, uma lua minguante. Isso levanta as seguintes questões: Quanto tempo realmente se passou? Quanto tempo Black esteve em Manchester e em que ordem esses eventos ocorreram?


Pag 23
    Black está "acordando" novamente e isso nos faz perguntar: Ele sonhou com esse encontro com Massey ou ele estava "lembrando" de eventos que ainda iriam acontecer?
    Notem que as bordas dos paineis voltaram à irregularidade habitual, indicando que que estamos de volta à narrativa "normal", no tempo presente em 1919.
    Notem também que Jacen Burrows está brincando com espaço e perspectivas nessas tomadas. Onde antes havia espaço o bastante entre a cama e a mala para vermos uma toca de rato, agora não há; agora vemos a janela porque estamos mais perto, e a luz da lua entra pela janela, só que vimos que a janela não se encontra em posição para que o luar entre por ela.
    Agora podemos ver, no terceiro quadro, três tocas de rato, sendo que a do meio tem algo que parece ser um papel amassado obstruindo a entrada. Black obviamente está perturbado demais para perceber isso.


Pag 24
    Observem a cadeira. Na página 11 a vemos pela primeira vez e ela tem seis barras verticais no encosto. Na página 23, quarto quadro, ela está com cinco barras no encosto. Nesta página, no segundo quadro, ela está com apenas quatro barras, deliberadamente deixando um vão no meio. Isso me parece inteiramente intencional, mas me escapa o significado disso.
    Ainda no segundo quadro vemos onde ficou o sobretudo de Black, esquecido.
    O enquadramento do terceiro quadro é idêntico ao visto nas páginas 10 e 12, mas agora as bordas do quadro estão irregulares, o que demonstra que não há nada mais de sobrenatural à espreita.


Pag 26
    Vemos aqui James Montague. Ele seria o equivalente ao narrador não identificado de "Herbert West - Reanimator".
    "(...) eu sugeri Boston (...)" — Em "Reanimator", eles se instalaram em Boston.
    "Então, quando uma jovem figura saudável e vulnerável se entrega em nossa porta (...)" — Mais um jogo de duplo sentido aqui: a atração homossexual pelo jovem e elegante Black... e a possível candidatura de Black a se tornar objeto das experiências de North em reanimação. Quem sabe as duas coisas, não necessariamente nessa mesma ordem...
    Formaldeído em seu estado natural é um gás, mas que é mais conhecido em sua forma líquida, comumente chamada de formol. É usado para diversos propósitos, entre eles o de embalsamamento e conservação de cadáveres.


Pag 27
    "Esta manhã?" — isso confirma que o senso de tempo de Black realmente foi afetado, ou que ele viajou por outro plano dimensional e acidentalmente pulou vários dias.
    "(...) e você se sentirá reanimado." — Deus me livre de me sentir reanimado desse jeito!!!


Pag 28

PÁGINAS DO DIÁRIO ou LIVRO DE BANALIDADES

    Percebam que esta página continua exatamente de onde acabou na edição anterior. Logo, a data desta loooonga anotação é 18 de Agosto, muito embora agora não tenhamos tanta certeza disso, porque vimos que Black andou passeando pelo tempo. Provavelmente a data real seja posterior.
    Lily é Jonathan Russell — ver Providence 01
    Robert Suydam? Veja em Providence 02
    Os eventos em Athol? Veja em Providence 04
    Hotel Pequoig? Também em Providence 04
    A "Srta 'QueméStravinsky'?" de quem Black fala é o "paquera" que Black arrumou no Pequoig. O recepcionista moreno, lembram?
    Igor Stravinsky foi um compositor, pianista e maestro russo.

    "(...) cavernas incomensuráveis para o homem (...)" — esse trecho é um verso de um poema de Samuel T. Coleridge, Kubla Khan, bem como o nome de uma biografia de Kenneth Sterling sobre Lovecraft.



Pag 29
    Bedford é uma cidade de Massachusetts vizinha a Manchester.

    "Hawthorne" é Nathaniel Hawthorne, de quem falamos em Providence 03.
    Eugene O'Neill foi mencionado em Providence 04.
    "Sangue de Boi", no original "oxblood", é uma cor avermelhada e escura.

    O lar dos Wheatley? Providence 04
    "(...) fedia pra cacete, meio almiscarado, como o hamster (...)" — isso se deve a Jenkins ser parte roedor.


Pag 30
    Milwaukee, capital do estado do Wisconsin, é a cidade natal de Black.
    Jenkins morar com a mãe é certamente uma referência a ele morar com a Sra. Macey... e ainda mamar nela.


Pag 33
    "(...) lembrando nada além de um polvo gigante ou uma aranha (...)" — uma descrição bem lovecraftiana, que serviria tanto para falar de Cthulhu quanto do gêmeo invisível dos Wheatley, John Divine.


Pag 34


Pag 35
    "(...) uma verdadeira investida de sedução desesperada e depravada (...)" — possivelmente um palpite certeiro, dado o que se comentava de Massey/Macey, mas também deixa claro o desinteresse de Black em mulheres.
    "(...) parecia ser um discurso sobre matemática ou geometria (...)" — provavelmente Black ouviu mais sobre isso do que quis transparecer nestas páginas.


Pag. 36
    "(...) um conhecimento constrangedor o qual, se eu conseguisse compreender mesmo que uma pequena parte dele, iria desfazer tanto minha vida quanto minha razão." — O horror da revelação, tão característico da obra de HPL. Normalmente a personagem principal vai tendo contato com pequenas frações do conhecimento, que parecem não fazer sentido juntas ou separadas, até que a "verdade" é apresentada de forma integral e avassaladora, normalmente em algum lugar de aspecto inacreditável, o que maximiza o efeito na personagem (e no leitor).


Pag 37
    "(...) ele sabia muito bem o que aquilo significava (...)" — a implicação disso é que Montague temia que North buscasse seduzir Black ou o matasse para reanimá-lo, caso fossem deixados a sós.


Pag 38
    "(...) o segundo Barão Frankenstein (...)" — Herbert West - Reanimator foi a experiência de Lovecraft em se aproximar da temática de Frankenstein, o seminal romance de Mary Shelley, o Prometeu Moderno. Observem que no romance de Shelley não há nenhuma menção a algum título de nobreza de Victor Frankenstein, coisa que só acontece pela primeira vez no filme "A Noiva de Frankenstein", de 1935. Assim, esse comentário é anacrônico. Intencional? Deslize? Sei lá...

    E ainda "(...) membros decepados convulsionarem através da aplicação de uma corrente galvânica." é outra citação anacrônica: Embora os estudos de Giovanni Aldini já fossem conhecidos e tenham inspirado Shelley, o monstro de Frankenstein sendo reanimado por um raio é uma inovação trazida no filme de 1931.

    "(...) estilhaços encharcados da armada vinda da Espanha." — uma referência à Armada Espanhola.

    "(...) pedras onde séculos de limo obscureceram as primitivas figuras com chifres entalhadas por tribos desaparecidas (...)" — Possivelmente uma referência à Pedra de Dighton.



Pag 39
    "Cromwell" é Oliver Cromwell, Lorde Protetor da Inglaterra.

    "Heréticos e conjuradores que buscaram novos climas além da longa sombra da estaca da fogueira (...)" — conscientemente ou não, uma referência aos elementos de formação da Stella Sapiente, como descrito em Providence 02.
    "livretos de Bunyan" refere-se a John Bunyan, autor do que provavelmente é a alegoria cristã mais conhecida em todo o mundo, O Peregrino.



Pag 40
    Tom Malone? O policial irlandês de Providence 02.
    O ancestral de Nathaniel Hawthorne a quem Black se refere vagamente é John Hawthorne, que de fato foi juiz nos julgamentos de bruxas em Salem.


Pag 41
    "(...) eu estaria muito menos simpático à ideia das pobres e perseguidas mulheres (...)" — Lovecraft, inspirado pelo livro The Witch-Cult in Western Europe, de Margareth Murray (O Culto às Bruxas na Europa Ocidental - falamos desse livro nos extras de Providence 01), acreditava na existência do culto às bruxas e que na Caça às Bruxas de Salem de fato foi descoberto um de seus conciliábulos. Lovecraft também se correspondia com uma mulher que alegava ser uma descendente direta de uma das acusadas de bruxaria, o que pode ter apoiado essa visão romantizada dos terríveis julgamentos.
    "Cantos da realidade" e "vermes aterrorizantes" são referências a Hounds of Tindalos. Seres que vivem fora do nosso espaço-tempo e supostamente só podem adentrar nosso plano de existência por meio de uma combinação precisa de ângulos.
    "Feixes de bolhas" seria uma referência a Yog-Sothoth. De um ponto de vista da física, entidades supradimensionais ao entrarem em intersecção com dimensões inferiores poderiam ter a aparência de secções transversais de configurações igualmente estranhas. Pense em uma esfera atravessando um plano bidimensional: do ponto de vista de alguém no plano, a aparência seria de um círculo de tamanho variável.

E POR ENQUANTO É SÓ ISSO! QUAISQUER INFORMAÇÕES AQUI CONTIDAS PODEM SOFRER REVISÃO.

7 comentários:

Unknown disse...

Muito obrigado! Essa HQ está muito boa e ter o privilégio de ler na minha língua materna faz toda a diferença. Além de tudo, há os extras.

Qualidade realmente primorosa.

Entretanto, uma coisa tem me incomodado: acredito que o correto seja "Santo Anselmo".

Unknown disse...

Muito obrigado! Essa HQ está muito boa e ter o privilégio de ler na minha língua materna faz toda a diferença. Além de tudo, há os extras.

Qualidade realmente primorosa.

Entretanto, uma coisa tem me incomodado: acredito que o correto seja "Santo Anselmo".

Marcio Roberto disse...

Estou ansioso para a próxima, que foi onde parei e é quando tudo começa a desandar para Black e pelas referências claras para o conto "A Coisa na Soleira da Porta", que é como o conto está disponível. Eu até pesquisei sobre "A Coisa no Umbral" mas o que eu achei foi só um conto bem curtinho com umas criaturas estranhas e um homem que, vejam só, diz estar vivendo um sonho o tempo todo do qual é incapaz de acordar. Coisa que foi bem parecida com o que aconteceu com Robert aqui. Pretendo ler a HQ do Reanimador logo quando a acabar a sexta edição, até a deixei aberta aqui mas minha ansiedade para chegar à sexta edição de Providence é tanta que decidi acabar logo onde parei. Agora indo pra próxima, mais uma vez muito obrigado e parabéns pelo ótimo trabalho!

Unknown disse...

A parte: "Esses quartos antigos tem todo o tipo de esquisitices através do tempo", me fez lembrar da brincadeira do Moore sobre o prox livro dele Jerusalém. Ele disse que faria um livro sobre um trecho de Northampton, depois outro sobre a casa dele e por fim um sobre o quarto dele...Será que o quarto dele é assombrado? hahahah

Unknown disse...

Com "estrela cadente" e "aquela coisa que trouxeram para baixo" acredito que o Moore tá sugerindo que o meteorito foi de alguma forma invocado pela Stella Sapiente. Será uma nave espacial?

Skætos disse...

Pablo, sobre a parte referente ao quarto, é isso mesmo. Naturalmente, se você está habituado aos contos de HPL, deve ter percebido que determinados estranhamentos geométricos em casas e ambientes supostamente "mal assombrados" são recorrentes na obra lovecraftiana. Eu tenho "A Voz do Fogo" mas admito que nunca li... está na fila e espero ler até o fim deste ano. Jerusalem tem recebido críticas positivas, então estou na expectativa por aqui também!

Quanto à "estrela cadente" o que posso te dizer, já que esta é uma seção basicamente de spoilers, é que na edição que estou traduzindo agora (09) voltaremos a ver esse bólido "espacial" e falaremos mais detalhadamente sobre ele. A suposição é correta: a Stella Sapiente "atraiu" esse artefato para a Terra.

LordDrâckul disse...

Na página 20, quando Massey cita os métodos utilizados pelo "Capitão-do-Mar" e pelo "Francês", ela está se referindo aos outros fundadores da Stella Sapientia.
Essa citação está presente no trecho do livreto do Sr.Suydam, em Providence #2,onde são apontados os seus associados... que aparentemente garantiram a imortalidade.

Sem spoiler, dá pra adiantar que ela MENTE, pois inverte os métodos adotados por eles.
Na realidade é o "Francês" que utilizou o método, como será visto em Providence #6.
Quanto ao "Capitão-do-Mar"...bem, sais essenciais, não é preciso dizer mais nada.

Assim, a fala da bruxa é coerente, quando ela conclui citando a dieta e a temperatura.