É isso mesmo, pessoal... demoramos mas estamos de volta com mais uma enorme seção de referências para esta edição. Somente prossiga na leitura deste post se já leu Providence 07.
Começaremos então com as capas variantes, que desta vez foram muitas. A primeira, que encabeça esta postagem, é a "Portrait" e mostra O Sr. Ronald Underwood Pitman pintando um saprófago. Falaremos mais disso à frente.
Temos aqui a capa "Women", mostrando o que aparenta ser uma carniçal fêmea para não fugir à regra da sequência de capas.
A capa "Wraparound" traz uma representação bem próxima do que Lovecraft descreve em "A Busca Onírica pela Desconhecida Kadath".
Acima, a capa "Weird Pulp". Ela é bem sugestiva, ainda mais para quem fez o recomendado e leu a edição antes de vir aqui.
Especialmente produzidas como "conteúdo premium" no Kickstarter, as capas variantes "Ghoul" foram todas produzidas por Jacen Burrows e Michael DiPascale. Estavam à disposição para os compradores que as quisessem durante o mês de Fevereiro deste ano. Tais imagens aparentam ser variações das pinturas de Pitman que vemos em maior ou menor detalhe no decorrer da edição. A última delas mostra os carniçais lendo um livro que é esse aqui...
... um guia turístico de Boston datando de 1889.
Pag 02
O "Governador Coolidge" é o então governador de Massachusetts, Calvin Coolidge, que mais tarde se tornaria Presidente dos EUA.
Quando Black fala que pode ter estuprado uma garota, está se referindo a eventos da edição anterior.
Pag 03
Esse distúrbio que vemos é a greve da polícia de Boston em 1919.
O "Governador Coolidge" é o então governador de Massachusetts, Calvin Coolidge, que mais tarde se tornaria Presidente dos EUA.
Quando Black fala que pode ter estuprado uma garota, está se referindo a eventos da edição anterior.
Pag 03
Esse distúrbio que vemos é a greve da polícia de Boston em 1919.
"Você não seria o primeiro" — há um estupro em andamento no meio da rua, à esquerda, na parte inferior.
As tropas estão armadas com o Rifle Springfield M1903 equipados com baionetas fixas.
Pag 04
"(...) caras que voltaram da europa." — se refere aos combatentes que regressaram da Primeira Guerra Mundial.
"(...) medo dos vermelhos (...)" — isso remete a como após a Primeira Guerra Mundial os EUA se tornaram obcecados com o avanço do comunismo a partir da Rússia. O próprio Lovecraft era um veemente opositor do comunismo.
Bolchevique (do russo: большевик) é uma palavra da língua russa, e significa "maioritário". Assim foram chamados os integrantes da facção do Partido Operário Social-democrata Russo liderada por Vladimir Lênin.
"E olha que Boston é o próprio berço da América. Acho que a cidade já viu uma revolução e está com vergonha de outra." — Isso se refere à Revolução Americana, que começou em Boston em 1776.
"Mas... é c-como se por baixo de tudo... só houvesse... só esse caos..." — isso pode ser uma referência a Azathoth, que está associado ao caos. Azathoth é recorrente em diversos contos de HPL.
"(...) então devia ter vindo aqui em janeiro, quando os velhos tanques de melado explodiram." Bom, esse episódio de fato aconteceu e ficou conhecida como a Inundação de Melaço (ou melado) de Boston.
Pag 05
"(...) quando tivemos os protestos dos letões." No original "letts", que é uma gíria depreciativa para os imigrantes letões. Os tais protestos referem-se a um evento em que houve abuso de poder policial e prisões irregulares de letões que haviam imigrado da Letônia fugindo do comunismo.
O tal "Sr. Curtis" é o então Comissário de Polícia de Boston, Edwin Upton Curtis.
O "Sr. Wilson" é o então presidente dos EUA, Woodrow Wilson.
O'Brien está antevendo a ascensão de Coolidge à presidência em 1923, o que em parte se deveu à forma como ele lidou com a greve da polícia em 1919.
Pag 06
A rua Henchman existe mesmo em Boston e inclusive é mencionada no próprio conto "O Modelo de Pickman".
Os rapazes de polainas são uma referência ao Exército Americano, que na época usavam polainas como parte do uniforme.
Trabalho federado se refere à American Federation of Labour, o que na época era uma espécie de protótipo de sindicato dos policiais.
Pag 07
Temos aqui a primeira aparição de Ronald Underwood Pitman, o análogo de Providence para Richard Upton Pickman.
As fotos que Black menciona foram vistas nas edições 04 e 06.
Pag 08
A estação de metrô da Rua Boylston é uma das mais antigas de Boston. Em "O Modelo de Pickman" o protagonista menciona que pintou essa estação.
"É uma, hum, uma de várias versões. (...)" — Aqui Moore está amarrando as pontas. No conto original em prosa "The Courtyard" (que deu origem à minissérie em quadrinhos O Pátio), de Moore, Aldo Sax faz uma descrição do quadro.
Pag 09
"O que eles querem é alternar sonhos e realidade..." Isso ecoa os comentários feitos por Suydam em Providence 02: "Velhas tradições cabalísticas, afinal, insistem que sonho e realidade são parte da mesma esfera."
Pag 10
"Eu acho que, hum, que tenho uma ideia de quem você deve ser..." — Pitman obviamente não é um figurão, mas está familiarizado o bastante com o Livro de Hali e/ou as tradições da Stella Sapiente para adivinhar que Black é o "Herald" (arauto).
O Sapróvoro, ou carniçal, na pintura de Pitman é de certa forma similar ao "Saturno Devorando seu Filho", de Francisco Goya. Goya é mencionado no "diário" e em O Modelo de Pickman.
Pag 11
A "Igreja de Cristo" é mais popularmente conhecida como a Velha Igreja do Norte. Em Herbert West - Reanimator há a referência a um cemitério da "Igreja de Cristo".
Há mesmo uma rede de túneis em Boston o que é referenciado em "O Modelo de Pickman". Dito isto, é interessante relembrar que a ideia de uma rede de túneis se irradiando a partir da cripta da Igreja de Cristo remete ao conto "O Festival", de Lovecraft.
"Os Maçons como, hum, como Revere e Jackson (...)" — presume-se quase que com certeza absoluta que se tratam do patriota Paul Revere e do presidente Andrew Jackson. Rumores e lendas de conspirações maçônicas são bem comuns na história Norteamericana, ajudados pelo fato de proeminentes políticos como o próprio Jackson ter sido um maçon de alta posição hierárquica.
Esse sofá não é o mesmo que vimos em Providence 04, na foto dos irmãos Wheatley.
"(...) no salão da igreja deles em Rhode Island." — isso se conecta com a Igreja da Sabedoria das Estrelas em "O Habitante da Escuridão" (The Haunter of the Dark, em uma das traduções oficiais), de Lovecraft. Essa tal igreja se baseou na Igreja de São João em Federal Hill, Providence - Rhode Island.
A "Igreja de Cristo" é mais popularmente conhecida como a Velha Igreja do Norte. Em Herbert West - Reanimator há a referência a um cemitério da "Igreja de Cristo".
Há mesmo uma rede de túneis em Boston o que é referenciado em "O Modelo de Pickman". Dito isto, é interessante relembrar que a ideia de uma rede de túneis se irradiando a partir da cripta da Igreja de Cristo remete ao conto "O Festival", de Lovecraft.
"Os Maçons como, hum, como Revere e Jackson (...)" — presume-se quase que com certeza absoluta que se tratam do patriota Paul Revere e do presidente Andrew Jackson. Rumores e lendas de conspirações maçônicas são bem comuns na história Norteamericana, ajudados pelo fato de proeminentes políticos como o próprio Jackson ter sido um maçon de alta posição hierárquica.
Esse sofá não é o mesmo que vimos em Providence 04, na foto dos irmãos Wheatley.
"(...) no salão da igreja deles em Rhode Island." — isso se conecta com a Igreja da Sabedoria das Estrelas em "O Habitante da Escuridão" (The Haunter of the Dark, em uma das traduções oficiais), de Lovecraft. Essa tal igreja se baseou na Igreja de São João em Federal Hill, Providence - Rhode Island.
Pag 12
Henry Annesley aparece em "Do Além", de HPL, e talvez seja parente de Shadrach Annesley, que vimos em Providence 03.
"hum, esse é Buren, van Buren, ou algo do tipo." Trata-se de Whipple Van Buren Phillips, avô materno de HPL.
"(...) Winston alguma coisa. um cara inglês, mercador de metais preciosos." Esse é Winfield Scott Lovecraft, pai de HPL, que assim como o avô materno já tinha sido identificado por nós na edição anterior. Ele trabalhava como caixeiro-viajante para a Gorham Silver Company e era reconhecido por seu forte sotaque inglês, embora fosse nascido nos EUA.
"eles, hum, eles podem entrar no mundo dos sonhos enquanto estão conscientes." Isso é meio que uma inversão do sonho lúcido, aparentemente, o que encontra paralelo na ideia de Vontade Verdadeira de Aleister Crowley.
Carl Gustav Jung é o famoso e influente psiquiatra que já foi referenciado em Providence 02.
Ácido Prússico é o que chamamos hoje de Cianeto (ou Cianureto) de Hidrogênio. Um composto mortal e extremamente volátil utilizado nos primórdios da revelação fotográfica, embora tenha sido usado com outros propósitos ao longo da história. Um deles em especial chama atenção: foi usado largamente durante a Primeira Guerra Mundial por ser mortalmente venenoso em sua forma gasosa bem como bastante explosivo. Essa propriedade explosiva sugere algo que tratarei adiante.
A referência de "pinturas nas cavernas" possivelmente remete à Caverna de Altimara, na Espanha.
Pag 13
"(...) uma realidade absoluta que jaz abaixo do mundo (...)" — Isso está fortemente ligado às teorias ocultistas da arte de Austin Osman Spare, que influenciou entre outros o próprio Alan Moore.
Sapróvoros seria o termo "técnico" para designar animais que se alimentam de matéria orgânica morta. Eventualmente me referirei a esses seres como carniçais (Ghouls, no original).
Essa pintura é uma das versões do quadro que O'Brien viu na sala de Pitman... Lembre que o policial mencionou um carniçal comendo a perna de uma mulher, detalhe este que não vemos aqui. Outro detalhe remete a um rombo numa das paredes da estação de metrô, o que poderia ter sido causado por uma explosão — isso deixa no ar (trocadilho não intencional) que o ácido prússico pode ter sido usado para essa finalidade, e iria de encontro à observação do próprio O'Brien de que o "acidente" no metrô foi tido como uma "explosão de gás".
Os carniçais são bem similares aos que vemos na famosa ilustração de Hannes Bok para "O Modelo de Pickman".
Pag 14
O casaco que Pitman cede a Black parece ser o que o Policial O'Brien estava usando. Observem as marcas na manga direita e comparem com a imagem na Página 02, terceiro painel.
Pag 15
Assim como na edição 02, quando Black está indo para o subterrâneo, o formato de diagramação padrão da página passa de quatro paineis horizontais para três verticais, além de um suave contorno em amarelo nos paineis.
"Figura messiânica" se refere ao conceito Cristão e Islâmico de um salvador espiritual.
"É o, hum, mundo dos SONHOS que foi suprimido pela nossa realidade." — Isso dá um enfoque diferente ao lance de Cthulhu sonhando em R'lyeh.
Pag 16
A caixa onde Pitman pede que Black se sente parece ser um caixão barato, do tipo que a assistência social dá para indigentes.
Mesmerismo é uma ideia relacionada a "magnetismo animal", criada e popularizada por Franz Mesmer... daí o nome.
Pag 17
Esta criatura que vemos difere um pouco das representadas nas pinturas de Pitman... o que provavelmente se deve à sua "interpretação artística".
Pag 18
Quando Moore nomeia esse carniçal como "Rei George" ele pode estar imitando a convenção de nomenclatura para carniçais adotada por Neil Gaiman em The Graveyard Book. Embora não esteja explícito no texto, ele esclarece em uma entrevista que "Não é que os carniçais fossem mesmo as pessoas cujos nomes utilizavam. Cada carniçal se nomeia após sua primeira refeição, assim que se torna um carniçal, e eles gostam de fazer disso algo importante para que possam se vangloriar disso."
"Eu sei, eu sei o que Robert quer. Robert, somos rapazes. Somos rapazes que trabalham nos porões, não é? Eu sou um bom rapaz. Eu sou um bom rapaz que trabalha duro. Você trabalha duro, Robert?" — Aqui o Rei George usa um subtom insinuando que sabe da "orientação sexual" de Robert, como algo escondido... enterrado. Outra visão para essa fala é a interpretação de que nenhum dos carniçais mostrados nos quadros de Pitman é fêmea (e, de fato, nenhum dos carniçais de Lovecraft é explicitamente fêmea), lembrando a observação da Sra. Macey (ou Massey...) na edição 05 em que ela menciona algo no sentido de que "xoxotas são raras por estas paragens".
"(...) nós estamos embaixo do mundo, acima dos sonhos. estamos no meio do caminho." Isso sugere que o submundo conecta o Mundo dos Sonhos e o nosso mundo, e os carniçais são criaturas que vivem no interstício... não muito diferentes do Sr. Jenkins de Providence 05.
Pag 19
O uso repetido de "mais que cinco" sugere que cinco é o máximo que carniçais conseguem contar (ou ao menos o Rei George). Provavelmente há mais referência aqui, mas não consegui encontrar ainda...
Ianque, originalmente, era o termo usado para designar os habitantes da Nova Inglaterra de uma forma generalizada.
Pag 20
Já falamos sobre a explosão de melaço, mas o tal "festival do frio" é provavelmente uma referência ao Réveillon, em vez de remeter a "O Festival" de HPL.
"tudo lá é doce..." — isso denota o seguinte: melaço (ou melado) é um subproduto da fabricação de açúcar e contém uma quantidade considerável de açúcar... cadáveres cobertos de melaço seriam basicamente "bombons caramelados" para um carniçal.
George Washington se refere ao primeiro presidente dos EUA.
O casaco que Pitman cede a Black parece ser o que o Policial O'Brien estava usando. Observem as marcas na manga direita e comparem com a imagem na Página 02, terceiro painel.
Pag 15
Assim como na edição 02, quando Black está indo para o subterrâneo, o formato de diagramação padrão da página passa de quatro paineis horizontais para três verticais, além de um suave contorno em amarelo nos paineis.
"Figura messiânica" se refere ao conceito Cristão e Islâmico de um salvador espiritual.
"É o, hum, mundo dos SONHOS que foi suprimido pela nossa realidade." — Isso dá um enfoque diferente ao lance de Cthulhu sonhando em R'lyeh.
Pag 16
A caixa onde Pitman pede que Black se sente parece ser um caixão barato, do tipo que a assistência social dá para indigentes.
Mesmerismo é uma ideia relacionada a "magnetismo animal", criada e popularizada por Franz Mesmer... daí o nome.
Pag 17
Esta criatura que vemos difere um pouco das representadas nas pinturas de Pitman... o que provavelmente se deve à sua "interpretação artística".
Pag 18
Quando Moore nomeia esse carniçal como "Rei George" ele pode estar imitando a convenção de nomenclatura para carniçais adotada por Neil Gaiman em The Graveyard Book. Embora não esteja explícito no texto, ele esclarece em uma entrevista que "Não é que os carniçais fossem mesmo as pessoas cujos nomes utilizavam. Cada carniçal se nomeia após sua primeira refeição, assim que se torna um carniçal, e eles gostam de fazer disso algo importante para que possam se vangloriar disso."
"Eu sei, eu sei o que Robert quer. Robert, somos rapazes. Somos rapazes que trabalham nos porões, não é? Eu sou um bom rapaz. Eu sou um bom rapaz que trabalha duro. Você trabalha duro, Robert?" — Aqui o Rei George usa um subtom insinuando que sabe da "orientação sexual" de Robert, como algo escondido... enterrado. Outra visão para essa fala é a interpretação de que nenhum dos carniçais mostrados nos quadros de Pitman é fêmea (e, de fato, nenhum dos carniçais de Lovecraft é explicitamente fêmea), lembrando a observação da Sra. Macey (ou Massey...) na edição 05 em que ela menciona algo no sentido de que "xoxotas são raras por estas paragens".
"(...) nós estamos embaixo do mundo, acima dos sonhos. estamos no meio do caminho." Isso sugere que o submundo conecta o Mundo dos Sonhos e o nosso mundo, e os carniçais são criaturas que vivem no interstício... não muito diferentes do Sr. Jenkins de Providence 05.
Pag 19
O uso repetido de "mais que cinco" sugere que cinco é o máximo que carniçais conseguem contar (ou ao menos o Rei George). Provavelmente há mais referência aqui, mas não consegui encontrar ainda...
Ianque, originalmente, era o termo usado para designar os habitantes da Nova Inglaterra de uma forma generalizada.
Pag 20
Já falamos sobre a explosão de melaço, mas o tal "festival do frio" é provavelmente uma referência ao Réveillon, em vez de remeter a "O Festival" de HPL.
"tudo lá é doce..." — isso denota o seguinte: melaço (ou melado) é um subproduto da fabricação de açúcar e contém uma quantidade considerável de açúcar... cadáveres cobertos de melaço seriam basicamente "bombons caramelados" para um carniçal.
George Washington se refere ao primeiro presidente dos EUA.
Pag 21
"E gosto de cheirá-lo." ecoa as intenções do canibal Shadrach Annesley em Providence 03.
Pag 22
"Irmão Mary Pickford" se refere à famosa atriz de cinema que fez, entre outros filmes, Miss George Washington (1916). Se os carniçais estão seguindo a convenção de nomenclatura de Gaiman, como algum poderia ter comido o corpo de Mary Pickford em 1919 se ela só morreria dali a 60 anos? Duas possibilidades para isso:
A) Esse interstício onde "vivem" os carniçais se encontra fora do tempo, além da cronossingularidade. Desta forma, como o próprio Moore gosta de ressaltar, o tempo é único e tudo acontece simultaneamente... o que explicaria a aparente confusão temporal.
B) Há rumores de que a Mary Pickford original tenha sido substituída por uma dublê para cobrir uma suposta morte acidental. De fato, Mary Pickford esteve em um acidente de barco durante filmagens numa locação em Marblehead, Massachusetts, em 1917. Considerando que Marblehead foi o modelo para a Kingsport de HPL... Moore aproveitou o gancho.
"(...) Robert é irmão de algum outro vermelho e preto?" — No original "Other red and black one"... isso dá margem para interpretações que infelizmente se perdem no português.
A) Uma seria referência ao policial O'Brien, cujo destino descobre-se no último painel desta edição.
B) O Rei George começou falando que era dos ruivos que gostava mais. Em inglês, ruivo é "red", que também é "vermelho"... e "Black" tanto é o sobrenome de Robert quanto significa "preto".
Mais uma vez aquela linguagem rúnica que vimos em Providence 03, saindo das garrafas. Se bem me lembro, chegamos à conclusão de que essa linguagem assemelha-se ao hebraico. Presumivelmente, Pitman não quer que Black compreenda o que ele diz.
Pag 24
O Carver mencionado por Pitman e que veremos mais adiante, inclusive na próxima edição, é Randall Carver, o análogo de Providence para Randolph Carter, protagonista de muitos dos contos de HPL tais como "A Chave de Prata", "O Inominável", A Busca Onírica pela Desconhecida Kadath"...
"(...) dez dias?" coloca a data presente entre o dia 20 e 21 de Setembro de 1919.
Pag 25
A iluminação vermelha nos diz que essa é a "sala escura" de Pitman. Nos tempos das máquinas fotográficas que usavam filme, as fotos eram reveladas em salas assim, com uma suave iluminação vermelha para não estragar a revelação das imagens nas películas dos filmes.
Pag 26
Aparentemente o ponto de referência descrito encontra-se aqui.
Robert nota um gato preto. Lembrem-se que eu já tinha alertado para esse detalhe de gatos aparecendo em vários momentos... Nas edições 03 (página 04, painel 4), 04 (página 05, painel 03), em uma das capas variantes e em três das quatro edições de Neonomicon.
Pag 27
A casa de Randall Carver encontra-se aqui.
Moore usou a personagem de Randolph Carter em "Alan e as Cortinas Abertas", uma história em prosa serializada no volume 1 de A Liga Extraordinária. Em "O Pátio" Moore deu o mesmo nome ao vocalista da banda Ulthar Cats.
O último painel mostrando o destino do coitado do Éamon O'Brien, ao que parece, foi até aqui o painel mais caro da história das HQ's... esta é na verdade uma fotografia "real" tirada por seu frequente colaborador, Mitch Jenkins. A maquiagem e as próteses usadas foram criadas pela empresa de efeitos especiais de Suzana Peretz. Abaixo, algumas imagens tiradas do site de Mitch Jenkins.
Pag 28
A escrita tremida pode representar tanto o chacoalhado do ônibus quanto o próprio estado mental abalado de Black.
"(...) eu me vi no carro(...)" Isso foi em Providence 06, na página 26.
Pag 30
"(...) alguma loucura infligida de forma sobrenatural meramente por ler o tomo maldito(...)" — Black está deliberadamente evocando o sentido figurativo da ficção de HPL, embora na obra de HPL e de seus contemporâneos o mero ato de ler um livro não causaria por si só um colapso mental.
Temos de volta mais referências que já foram anotadas em Providence 01, como Robert Chambers, Sous le Monde...
"(...) reverter a polaridade da mente humana(...)" — Moore usa essa simples alegoria para ajudar a indicar que, apesar de Black estar tentando racionalizar o que aconteceu com ele, as suas explicações são somente tecnobaboseiras sem sentido.
"(...) falando sobre todo o mundo quando o que eles realmente queriam falar era do mundo psicológico de um indivíduo." — Isso se compara à inversão mental de Aldo Sax em O Pátio e a de Merril Brears em Neonomicon; ambos indivíduos cuja exposição aos mitos levaram a uma significante mudança em suas consciências e compreensões do mundo. Transformações similares acontecem com numerosos protagonistas de HPL.
Pag 31
Sr. Jenkins, Sra. Macey (Hezekiah Massey) e Dr. (Hector) North já foram referenciados em Providence 05.
"(...) embora isso implicasse que a Sra. Macey fosse a mãe do Sr. Jenkins (...)" — Isso de certa forma é reminescente de um fragmento de HPL que foi incorporado por August Derleth em seu romance "The Lurker at the Threshold"... mas a conclusão óbvia infelizmente não passa perto da verdade como já referenciamos na edição 05.
Pag 33
"Baalzebub", "Beelzebub" são formas arcaicas mas mais precisas de se referir a Belzebu. Seria uma divindade amalgamada nas mitologias Filisteia e Cananeia e que na Bíblia cristã é equivalente ao próprio Diabo.
Pag 35
Já tratamos de Hieronymus Bosch em Providence 04.
Pag 37
Aubrey Beardsley foi um artista inglês que ilustrou livros para Arthur Machen, Oscar Wilde, entre outros.
Sidney Sime foi um artista inglês. Ilustrou livros para Lord Dunsany. Mencionado em "O Modelo de Pickman" e em "O Chamado de Cthulhu".
De Francisco Goya já tratamos em Providence 04.
Pag 38
James Gillray, cujo nome Black (ou Moore) escreveu erradamente como "Gilray", sem um "l", foi um cartunista britânico.
William Hogarth foi um pintor, gravador e ilustrador inglês.
A ideia da história de Black é bem similar a "A Coisa na Soleira" e "O Caso de Charles Dexter Ward". Naturalmente, ele ainda está fantasiando os eventos de Providence 06.
Pag 39
"É isso. Eu não sei se essa é uma boa ideia pra uma história ou não, mas eu certamente me sinto bem melhor por tê-la rascunhado aqui." — Black ainda não é capaz de falar coerentemente sobre os eventos envolvendo Elspeth Wade em termos diretos... mas ele já começou a apaziguar seu trauma ao descrever o ocorrido como se fosse uma mera ficção.
O Hotel Vendome de Boston existiu mesmo mas foi destruído no que ficou conhecido como o pior incêndio da história de Boston em 1972. Ele ficava mais ou menos neste lugar.
Pag 40
Lillian, para quem não lembra, era Jonathan Russell, amante de Robert Black, que vimos ainda na primeira edição.
Pag 43 - Quarta Capa
A citação foi retirada de "Lovecraft Selected Letters 4.385-386" (Seleção de Cartas de Lovecraft).
A escrita tremida pode representar tanto o chacoalhado do ônibus quanto o próprio estado mental abalado de Black.
"(...) eu me vi no carro(...)" Isso foi em Providence 06, na página 26.
Pag 30
"(...) alguma loucura infligida de forma sobrenatural meramente por ler o tomo maldito(...)" — Black está deliberadamente evocando o sentido figurativo da ficção de HPL, embora na obra de HPL e de seus contemporâneos o mero ato de ler um livro não causaria por si só um colapso mental.
Temos de volta mais referências que já foram anotadas em Providence 01, como Robert Chambers, Sous le Monde...
"(...) reverter a polaridade da mente humana(...)" — Moore usa essa simples alegoria para ajudar a indicar que, apesar de Black estar tentando racionalizar o que aconteceu com ele, as suas explicações são somente tecnobaboseiras sem sentido.
"(...) falando sobre todo o mundo quando o que eles realmente queriam falar era do mundo psicológico de um indivíduo." — Isso se compara à inversão mental de Aldo Sax em O Pátio e a de Merril Brears em Neonomicon; ambos indivíduos cuja exposição aos mitos levaram a uma significante mudança em suas consciências e compreensões do mundo. Transformações similares acontecem com numerosos protagonistas de HPL.
Pag 31
Sr. Jenkins, Sra. Macey (Hezekiah Massey) e Dr. (Hector) North já foram referenciados em Providence 05.
"(...) embora isso implicasse que a Sra. Macey fosse a mãe do Sr. Jenkins (...)" — Isso de certa forma é reminescente de um fragmento de HPL que foi incorporado por August Derleth em seu romance "The Lurker at the Threshold"... mas a conclusão óbvia infelizmente não passa perto da verdade como já referenciamos na edição 05.
Pag 33
"Baalzebub", "Beelzebub" são formas arcaicas mas mais precisas de se referir a Belzebu. Seria uma divindade amalgamada nas mitologias Filisteia e Cananeia e que na Bíblia cristã é equivalente ao próprio Diabo.
Pag 35
Já tratamos de Hieronymus Bosch em Providence 04.
Pag 37
Aubrey Beardsley foi um artista inglês que ilustrou livros para Arthur Machen, Oscar Wilde, entre outros.
Sidney Sime foi um artista inglês. Ilustrou livros para Lord Dunsany. Mencionado em "O Modelo de Pickman" e em "O Chamado de Cthulhu".
De Francisco Goya já tratamos em Providence 04.
Pag 38
James Gillray, cujo nome Black (ou Moore) escreveu erradamente como "Gilray", sem um "l", foi um cartunista britânico.
William Hogarth foi um pintor, gravador e ilustrador inglês.
A ideia da história de Black é bem similar a "A Coisa na Soleira" e "O Caso de Charles Dexter Ward". Naturalmente, ele ainda está fantasiando os eventos de Providence 06.
Pag 39
"É isso. Eu não sei se essa é uma boa ideia pra uma história ou não, mas eu certamente me sinto bem melhor por tê-la rascunhado aqui." — Black ainda não é capaz de falar coerentemente sobre os eventos envolvendo Elspeth Wade em termos diretos... mas ele já começou a apaziguar seu trauma ao descrever o ocorrido como se fosse uma mera ficção.
O Hotel Vendome de Boston existiu mesmo mas foi destruído no que ficou conhecido como o pior incêndio da história de Boston em 1972. Ele ficava mais ou menos neste lugar.
Pag 40
Lillian, para quem não lembra, era Jonathan Russell, amante de Robert Black, que vimos ainda na primeira edição.
Pag 43 - Quarta Capa
A citação foi retirada de "Lovecraft Selected Letters 4.385-386" (Seleção de Cartas de Lovecraft).
Quaisquer pitacos, é só deixar nos comentários. Até a próxima.
6 comentários:
muito obrigado pelo trabalho skaetos.
Muito obrigado pelo trabalho duro, você é demais! Se porventura se interessar ou tiver um tempo, gostaria de traduzir uma HQ de um dos maiores contos do mestre?
Aqui vai o link:http://2d-domain.blogspot.com.br/2015/10/alberto-breccia-shadow-over-innsmouth.html.
A Sombra Sobre Innsmouth é um dos meus contos favoritos, Marcio Roberto. Eu conhecia essa história do Breccia. Quem sabe mais adiante, quando tivermos mais tempo.
Abraço!
Nossa, que trabalho esplendido você está fazendo, parabéns e muita força
pra conseguir terminar a série. Abss
Olá, primeiro gostaria de agradecer o trabalho.
Primeiro li apenas os quadrinhos de providence, depois reli usando as referências que vocês estão fazendo e por último vou ler o livro das Banalidades de Blake (acho que isso para absorver todas as referencias).
Mas na capa Weird Pulp..., isso me lembrou o Black Lodge de Twin Peaks, ou estou enganado? Na edição 12, que ainda não vi a parte de referencias (voces ainda não tiveram tempo para produzir, mas vai rolar ?) Tem menção a David Lynch...
Bom, Tanaka...
Eu certamente falei algo sobre David Lynch em algum lugar, mas já não lembro onde. Twin Peaks eu nunca pude assistir todo porque na época passava na TV aberta e num horário que não dava pra mim. Depois disso ela meio que ficou na minha listinha mas nunca mais tive tempo pra isso. Como ela está disponível no Netflix, vou fazer um esforço pra maratonar.
Quanto às referências da #12, estão prontas desde o lançamento da edição. Recomendo que você adquira a publicação da Panini. Vale à pena ter isso na coleção!
Abraço.
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