sexta-feira, 18 de dezembro de 2015

Providence 06 de 12 - Extras

E chegamos à metade do caminho. A quantidade de referências é absurda! Só me restou dar uma enxugada e destacar as que eu creio serem mais importantes. Como sempre, só leia esta postagem depois de ter lido a edição 06! Lembrando que estas referências são em grande parte retiradas de um site americano dedicado a destrinchar esta obra de Moore, mas algumas são de minha própria lavra. Quaisquer dúvidas, a seção de comentários é serventia da casa.
Divirtam-se!


A imagem que encabeça este post é uma das capas variantes; as outras a seguir. Clique nelas para ampliar!



Página 00
A capa regular desta edição mostra a fachada da Faculdade São Anselmo. Na imagem abaixo podemos ver uma comparação com uma foto da verdadeira São Anselmo. Lembrem-se que, como destaquei antes, a São Anselmo é a equivalente de Moore para a Universidade Miskatonic tão frequente nas obras de Lovecraft.

Página 02
O livro que vemos aqui, como vocês viram depois, é o Kitab Al-Hikmah Al-Najmiyya (ou só "Kitab") que Robert Black encontra pessoalmente mais adiante. Lembre que o Kitab é o equivalente do Necronomicon aqui em Providence. Aparentemente o Kitab está escrito em uma fonte conhecida como letra negra gótica, uma das primeiras a ser usadas em impressos.

"Redentor" se refere à Profecia do Redentor, mencionada pela primeira vez em Providence 02, num dos panfletos de Suydam. Na edição 04, é a vez de Garland falar abertamente sobre ela.

"(...) negro é o mensageiro e negro é o seu caminho." — Aqui temos um duplo sentido que se perde para quem não compreende inglês; o sobrenome de Robert é Black (negro, em inglês). Dito isso, a menção no Kitab pode tanto se referir diretamente ao próprio Robert Black como sendo o mensageiro (no original, "messenger", mas "herald" apesar de significar arauto, também pode ser traduzido como mensageiro.) como pode estar sendo mais literal ao se referir a Nyarlathotep, conhecido como "O Grande Mensageiro" e "O Homem Negro" na ficção de HPL.

"Um escriba é ele (...)" — aqui pode se referir novamente a Robert Black ou ao próprio H.P. Lovecraft, uma vez que seu pai já apareceu aqui nesta série.

"(...) Thoth da antiga Khem (...)" — Bem, Thoth (ou Tot) é o deus egípcio da escrita e da magia. É equivalente ao deus grego Hermes e através de sincretismo se tornou Hermes Trimegistrus, ou Trismegisto, o mítico fundador do sistema de Magia Hermética. Khem é uma variação de um antigo nome para o Egito; é um termo que deriva da palavra egípcia Kemet, que significa "A Terra Negra". Isso ecoa bastante o poema em prosa de HPL Nyarlathotep e o soneto XXI de Fungos de Yuggoth.

"(...) você fica curtindo com esses homens e eles acabam nos seguindo por aí..." — Outro duplo sentido: Tanto pode ser o hábito de Hector North de se "divertir" com estranhos que não desapegam... ou pode se referir aos cadáveres reanimados de Herbert West (o análogo do nosso Dr. North) que no fim seguem West e seu companheiro.

"Aqlo" é uma variação ancestral de Aklo, a linguagem de "O Horror de Dunwich". Esses caracteres são bem parecidos com caracteres hebraicos, mas só parecidos. Acredito que isso resolva a dúvida que tínhamos em Providence 03, quanto aos caracteres estranhos que acreditávamos serem hebraicos.

O escândalo de que Montague fala pode ser tanto um escândalo homossexual ou um a respeito de pessoas "desaparecidas". Quem sabe ambos...


Página 03
Aqui o mais importante é o título que tem um trocadilho que não daria para adaptar em português. O título original, "Out of Time", pode significar:
1. Sem tempo, atrasado... como você diria quando está apressado e alguém tenta te interromper: "Desculpe, estou sem tempo". Faz sentido quando logo em seguida Robert Black é enxotado às pressas da casa de Hector North porque o próprio anfitrião está sem tempo para mais nada além de fugir de Manchester.
2. Fora do tempo. Esta é uma tradução literal da expressão original. No caso, optamos por ela na tradução por dois motivos. O primeiro é que Robert Black, como vimos na edição passada e nesta edição, está realmente "solto" no tempo; ele saltou mais de uma semana em uma noite de pesadelos na casa da Sra. Macey/Massey, e aparentemente ele foi e voltou no tempo, bem como ficou de fato fora do tempo nesta edição, enquanto folheava o Kitab. O segundo é que "fora do tempo" faz uma referência direta ao conto A Sombra Fora do Tempo, de HPL. Infelizmente não disponho de A Sombra Fora do Tempo (ou A Sombra Vinda do Tempo, dependendo da tradução) em português; li em inglês mesmo. Se alguém souber onde encontrar isso em português (pdf, epub, mobi...) deixe nos comentários, por gentileza.

"(...) algo sobre um livro... é provável que seja o que planejo escrever." — talvez isso aluda ao fato de HPL não ter escrito o fictício Necronomicon. Robert E. Howard, criador de Conan e Sonja entre outros, correspondente assíduo e amigo dileto de HPL, chegou a sugerir numa carta de Abril de 1932 que Lovecraft deveria de fato escrever o "verdadeiro" Necronomicon. Lovecraft objetou, alegando que não tinha capacidades para tanto.


Página 05
"Ah, eu prometo te aliviar disso [tensão] (...)" — mais um duplo sentido. North pode estar falando num sentido de aliviar a tensão sexual ou aliviar a tensão à moda "Reanimator".

O fato de Elspeth estar à porta com uma mensagem ecoa duas coisas:
1. Em A Coisa na Soleira da Porta (ou A Coisa no Umbral, dependendo da tradução), Asenath Waite, de quem Elspeth é a equivalente, é encontrada morta na soleira da porta, o que precipita a narrativa da história.
2. O fato de alguém do passado estar seguindo os passos e buscando encontrar o Dr. North e seu companheiro ecoa a volta do reanimado Eric Moreland Clapham-Lee em Herbert West - Reanimator.


Página 06
"(...) assuntos que a gente preferiria manter enterrados..." — Outro duplo sentido aqui, mas acho que já deu pra notar... principalmente se vocês seguiram a recomendação de ler Herbert West - Reanimator.

"(...) aquele pessoal da remoção em Boston?" — Isso pode ser uma referência indireta aos seres associados com Pickman/Pitman em Boston.


Página 07
A igreja que aparece à esquerda, no quadro 02, parece ser a Catedral da Santíssima Trindade, que também fica na Rua Orange.

"É de algum cavalheiro militar canadense." — Isso reforça a suposição de que North e Montague estejam fugindo do análogo de Eric Moreland.


Página 08
Black e Elspeth estão descendo pela Rua Pearl. Em seguida a Ponte MacGregor (ou "Ponte da Rua da Ponte), onde eles se conheceram na edição passada. Vejam o mapa que eu disponibilizei na edição passada.

Padre Race trata-se do Padre Walter Race, o equivalente de Providence para o Professor Warren Rice de O Horror de Dunwich. Vimos o Padre Race na edição passada.


Página 09
Os Wade a quem se refere o Padre Race são a família equivalente aos Waite de A Coisa na Soleira da Porta. Lembrem que já se menciona um tal Wade em Providence desde a edição 03. Como vimos nesta edição trata-se de Edgar Wade, "pai" de Elspeth, mas tecerei mais comentários sobre isso adiante.

Vemos pela primeira vez o Dr. Hank Wantage, o equivalente do Professor Henry Armitage de O Horror de Dunwich. Também é nosso primeiro contato com o Dr. Nat Paisley, que seria provavelmente o análogo do Professor Nathaniel Wingate Peaslee, personagem principal de A Sombra Fora do Tempo. Sem querer dar spoiler, no conto de HPL o Prof. Peaslee é possuído por uma ancestral inteligência ultraterrena. Note que em A Sombra Fora do Tempo a esposa do protagonista também se chama Alice.


Página 10
O Dr. Wantage continua a mencionar a história do Dr. Paisley como se fossem os eventos do conto A Sombra Fora do Tempo. Datas e o resto estão de acordo.


Página 11
Essa foto de alguns membros da Stella Sapiente é provavelmente de 1890, uma vez que os Wheatley ainda estão envolvidos com a ordem. Da esquerda para a direira, os dois primeiros já foram identificados como Garland e Leticia Wheatley e na extrema direita temos Edgar Wade. No meio conseguimos identificar:
A) O terceiro como Whipple Van Buren Phillips, o avô de H.P. Lovecraft. Muito provável que ele seja o tal Buren da "Stell Sap" que Tobit Boggs mencionou em Providence 03. Abaixo, uma imagem dele:

B) O quarto não foi possível identificar ainda, mas suspeito que saberemos a identidade dele em breve.
C) O quinto é um ainda jovial Winfield Scott Lovecraft, o pai de HPL. Vimos uma outra imagem dele, um pouco diferente, na edição passada.
D) O fotógrafo mais uma vez é Ronald Underwood Pitman. Dessa vez a coincidência é grande demais e o próprio Robert Black percebe isso como vimos nas páginas de seu "livro de banalidades". Pitman, também de Boston, é o equivalente de Richard Upton Pickman, dos contos O Modelo de Pickman e A Busca Onírica por Kadath (segundo as traduções mais recentes, mas pode-se encontrar este conto com outras traduções como a indicada).

Wantage usa uma flanela para manusear o livro, uma prática comum para livros raros, evitando que as mãos de seus leitores possam sujá-lo ou danificá-lo ao contato. Hoje em dia se usam luvas especiais e outras medidas.


Página 12
A Angel de Cornhill e a Holy Lamb eram duas notórias gráficas/editoras e livrarias de Londres em meados do século XVII, e impressões quase idênticas a essa podem ser encontradas em muitos livros, como na ilustração abaixo:


Página 13
As "duas máscaras" possivelmente se referem, ou foram inspiração para a lívida máscara de O Rei de Amarelo, ou o fictício Sous le Monde.

Vemos uma menção à profecia do Redentor... lembrem que em Providence 02 e 04 há menções a isso.

A "cauda do Leão" é parte da constelação Leão. Observe que HPL nasceu em 20 de Agosto, o que faz dele um leonino.

As tais "doze centenas  de invernos" indicam que o Redentor nasceria antes de 1903, uma vez que o Kitab foi "transcrito" por volta de 703 d.C. HPL nasceu em 1890.

Percebam que as bordas dos painéis mudam, passando para o modo retilíneo, indicando uma percepção paranormal da realidade.

Black, no terceiro quadro, está ouvindo as vozes que primeiro lhe falaram sobre o Kitab: no primeiro balão a fala é do Dr. Alvarez, em Providence 01; e no segundo balão a fala é de Robert Suydam, em Providence 02.

No último quadro, percebam que são todas a mesma mulher. Essas múltiplas aparições podem ser meramente um recurso estilístico para mostrar a passagem do tempo, mas é mais provável que Black esteja passando por múltiplos períodos de tempo ao mesmo tempo, haja vista que as bordas do quadro indicam percepção paranormal e veremos esse mesmo recurso adiante com algumas sutilezas que reforçam essa ideia.


Página14
As "vozes" que Black está ouvindo são de Tobit Boggs (Providence 03) no primeiro balão e de Garland Wheatley (Providence 04) nos dois balões seguintes.

Como mencionado, o Aklo lembra muito os caracteres hebraicos. Notem que no total de 24 caracteres, apesar de termos alguns dígrafos, não temos o equivalente às letras "e", "f", "j" e "w".

O texto que vemos invertido nas lentes de Black pode ser visto na íntegra na página 38 do livro de banalidades, embora eu acho que hoje já seja mais apropriado chamá-lo de diário. A inversão do texto alude ao fato do Aklo ser lido da direita para a esquerda e ser refletido numa superfície divinatória reflexiva, como um espelho de obsidiana.


Página 15
Esse árabe ensandecido sobreposto ao texto é presumivelmente o próprio Khālid Ibn Yazīd, o "autor" do Kitab al Hikmah al Najmiyya.

A "escuridão exterior" (outer dark, no original) é uma expressão usada por Lovecraft em sua ficção para se referir ao "espaço exterior" mas não necessariamente ao espaço sideral da maneira como se poderia pensar de uma forma simplificada.

O texto mostra "de leve" dois dos famosos quatro métodos do Kitab.

Outra dilação temporal, desta vez com um casal.

Agora percebam a mudança de tonalidade nas cores. Esse espectro de cores é usado aqui para mostrar que Black está vendo algo do futuro.


Página 16
Notem mais variações temporais e as mudanças nas bordas dos quadros.


Página 17
O fato de Black achar que já conhecia o livro é porque sonhou com ele, como vimos no começo da edição.

"(...) umas duas ou três semanas atrás, em agosto." — Isso reforça que a estadia de Black na casa da Sra. Macey durou algo entre duas e três semanas no nosso plano temporal, embora para ele mal tenha se passado uma noite.

Nos segundo e terceiro quadros, as mesmas imagens da página anterior, só que dessa vez, pelas cores, identifiquemos que agora é o tempo presente.


Página 18
"(...) antes que a chuva caia." — Isso alude aos poderes de Ephraim Waite mencionados no conto A Coisa na Soleira da Porta, que supostamente podia comandar tempestades com sua feitiçaria.

Algo que um comentarista do factsprovidence percebeu é que constantemente aparecem gatos pretos em Providence, às vezes bem escondidos como agora, na porta da casa de esquina à direita do quarto quadro. Espero poder falar disso em outra ocasião, mas gatos pretos são uma coisa recorrente tanto na obra quanto na vida de HPL.

A casa de Elspeth parece estar localizada na Rua Orange, 61.


Página 19
O quadro pendurado na parede é de Edgar Wade que, como vimos, está ocupando o corpo de Elspeth.

"(...) mas você não vai desistir. Não é o que acontece." — Isso mostra uma desconcertante antevisão dos eventos futuros, estando alinhado com o que Willard Wheatley descreve da jornada de Black.

Sobre o rádio estão um isqueiro e uma carteira de cigarros Chesterfield.

Quando Black fala "Dr. Wade" ele se equivoca, uma vez que ele deveria ter falado "Dr. Wantage". Isso pode ser:
- apenas cansaço mental;
- um erro por parte da produção da HQ;
- Edgar Wade já pode ter começado a "mexer" com a mente de Robert Black.
Você, leitor, escolhe o que te apetece mais como probabilidade. Eu fico com a terceira opção.

Nem precisa dizer quem é o Professor Einstein, né? Mas é importante ressaltar que as teorias de Einstein se mostraram uma fone de inspiração para HPL, embora ele realmente não fosse um grande fã das teorias de Einstein. Em uma recente entrevista, Alan Moore declarou que "Lovecraft se tornou um barômetro perfeito (...) dos temores do início do século XX, incluindo os temores da diminuição da importância do ser humano, dado o que estávamos começando a compreender sobre o cosmo. Lovecraft era diferente das pessoas de sua época. Ele na verdade compreendia aquelas coisas. Ele era bem ágil — não gostava de Einstein — mas ele era muito ágil em assimilar as ideias de Einstein. Ele não gostava da teoria quântica, mas quase a compreendeu."


Página 20Notem que aqui a entidade que está possuindo Elspeth para de fingir e fala dela em terceira pessoa. Para quem não entendeu, "intercurso" trata-se de intercurso sexual, ou mais modernamente, sexo.


Página 21
"Sabe, todos estávamos esperando há muito por você (...)" — Isso é a Stella Sapiente esperando o Arauto? Bem, parece que todo mundo sabe quem e o que Robert Black realmente é, menos ele mesmo.

"Edgar era o melhor recipiente na ocasião, mas infelizmente ele tinha se tornado impotente." — Bom, como acho que alguns de vocês já tinham percebido, a entidade que estava em Elspeth já atendeu por Edgar Wade, mas fica claro que trata-se de uma entidade ainda mais antiga. Como fica nítido adiante, para mim e para muitos outros, a entidade que já ocupou o corpo de Edgar Wade é ninguém menos que Etienne Roulet. A impotência (sexual) deve-se à suposta idade avançada de Edgar Wade.

"Filósofos poderiam invejar tal oportunidade de estar fora de si mesmos." — Isso talvez aluda, ironicamente, à uma das questões sem resposta em A Coisa na Soleira da Porta: se o relacionamento entre Edward Derby e Asenath Waite é implicitamente homossexual, uma vez que Asenath está possuída por uma personalidade masculina. Dado que Black já é homossexual e já teve sexo com homens, de um ponto de vista filosófico pode ser curioso como ele pode se ver tendo sexo com homem sendo uma mulher como uma nova experiência... uma sutileza que se perde ao não consentir com a relação.


Página 22
A menção de Roulet ao fato de Elspeth, ou a sua consciência, ter morrido no corpo do pai dela combina com a descrição do Kitab no que se refere a esse método de preservação da essência vital.

Mathilde, como visto no panfleto de Suydam em Providence 02, era a esposa de Etienne Roulet. Isso e o fato de ele começar a falar em francês a seguir praticamente confirma que trata-se mesmo de Etienne Roulet.

As falas em francês querem dizer mais ou menos o seguinte:
"Não se preocupe! Eu... hum... é claro que eu vou tirar antes... ahhh... de ejacular em você."
"Ah, quantos... hum... quantos séculos eu esperei ansiosamente para... ahhh... para espalhar a sabedoria estrelada nesse seu... ahhh... ventre carnudo!


Página 24
"Bem, dizem que o temor ao Senhor é o início da sabedoria." — Roulet cita quase que textualmente o lema da Faculdade São Anselmo. Isso sugere que Roulet já estava possuindo o corpo de Edgar Wade quando a Faculdade foi criada. Uma reflexão minha é que esse "Senhor" certamente não é o deus cristão que uma instituição católica real iria seguir...

Ah, o velho clichê do cigarro após o sexo... devo dizer que é clichê mas é bom.

"N'est ce pas?" quer dizer "não é mesmo?" numa tradução do francês para o português.


Página 25
No terceiro quadro Black está passando provavelmente pela Rua Boynton.


Página 26
Olha aí o carro do Sr. Jenkins de novo... Essa é a mesma cena que vimos na edição passada, na página 02, só que sob uma perspectiva oposta.

Black vê a si mesmo e ao Sr. Jenkins no carro.


Página 28 - Livro de Banalidades
Apesar de estar marcado como 19 de Agosto, Black está enganado. Essa é a data que ele pensa ser, mas ele ainda não se deu conta de que está deslocado no tempo... de acordo com "Elspeth" a data real seria 10 de Setembro.

Acredito que a esta altura eu não precise mais ficar repetindo referências de edições passadas. Assim sendo, todos os nomes e fatos indicados aqui foram abordados nas edições 01 a 05.


Página 29
Rebecca é um nome judaico que aparece no Velho Testamento. Isso reflete bem as raízes judaicas de Robert Black.


Página 30
"(...) um homem evidentemente brilhante cuja vida fora totalmente destruída por um episódio psicológico sobre o qual ele não tinha controle algum (...) — Isso toca em um dos temas primários na ficção de Lovecraft: determinismo biológico, no qual as personagens sofrem por conta de algum aspecto herdado sobre o qual não se tem controle algum, como Arthur Jermyn ou o narrador inominado de A Sombra Sobre Innsmouth. Aqui Moore desdobra esse conceito: em vez do corpo estar além do controle, a mente é quem trai Nat Paisley.


Página 31
"Penso que quando eu terminar em Manchester, sei lá quando, eu poderia fazer uma visita a esse Pitman em Boston." — Esse certamente será o mote da próxima edição, inclusive porque uma das capas variantes da próxima edição é justamente a fachada do estúdio de Pitman.

"(...) um livro muito velho e com um aroma curioso e sobre o qual algumas pessoas construíram toda uma mitologia." — Isso obviamente se refere aos Mitos de Lovecraft, com ênfase no hype em torno do famigerado Necronomicon.


Página 32
"(...) e nem mesmo há alguma daquelas palavras com um S que parecem com um F." — Sobre esse caractere em desuso atualmente eu recomendo este verbete. Contudo, esse caractere só passou a ser usado a partir do fim do século XVII. Assim, como o Livro de Hali (Kitab) foi impresso em 1651, não era mesmo de se esperar ver esse caractere em uso.

"(...) estudioso árabe de ocultismo (...)" — Black está se referindo a Ahmad Ibn ‘Ali Ibn Yusuf Al-Buni. Para mais detalhes, vejam o panfleto de Suydam na edição 02 e as anotações que fiz.

Sobre a velha tipografia em "letra negra gótica" que Black menciona, é uma das primeiras fontes (senão a primeira) a ser usada em tipografia na Europa. Na capa do Kitab usa-se uma fonte convencional para os padrões atuais, mas internamente, como podemos ver nos relances das páginas do Kitab vemos claramente a fonte tipográfica em uso.

"(...) pois só no mundo que está abaixo as coisas tem sua real moradia, e nós e nossos atos não somos nada além de sua sombra." — Esse trecho, como de costume, tem mais de uma interpretação possível. A princípio, sendo um texto alquímico, tem uma interpretação similar ao Budismo ou o Gnosticismo no que tange ao mundo como sendo uma mera ilusão e não a "verdadeira" realidade. De um ponto de vista científico, pode-se falar na ideia do universo como um holograma, uma sombra tridimensional de dois planos de informações bidimensional, tal qual Warren Ellis usou como mote para seu trabalho em Planetary. Em um contexto literário pode-se interpretar como uma consciência de que Providence é uma obra de ficção que rompe a "quarta parede". E, por fim, um dos comentaristas do site factsprovidence observa que esse trecho faz alusão à Alegoria da Caverna, de Platão.


Página 33
" Então eu também passei minhas noites em sonhos de tarefas sem sentido (...)" — Sugere que Khālid Ibn Yazīd estava visitando o plano onírico.

"(...) um lago remoto que era todo feito de nuvens (...) havia não só um sol, mas sim que ele tinha um irmão de aparência diminuta e mais doentia." — Relembrem o poema falando do Lago de Hali em O Rei de Amarelo:
"O mar quebra pela orla, vago,
Os sóis gêmeos afundam sob o lago
As sombras se alongam
Em Carcosa."

"(...) as estrelas do céu noturno que compõem o signo que chamamos de Touro (...)" — Trata-se da constelação de Touro, a qual contém as Híades, que também se associam com a mítica Carcosa de O Rei de Amarelo.

"(...) a medida delas não poderia ser feita com nenhuma das réguas ou instrumentos do homem." — Isso provavelmente se refere à geometria não Euclidiana quadridimensional, tema esse que abordamos anteriormente.

"(...) coisas que crescem nas pedras sob o oceano, embora monstruosamente enormes e com um grande ar de inteligência e propósito, e suas cabeças eram estrelas." — Descreve os Antigos, de Nas Montanhas da Loucura. A descrição dessas criaturas alienígenas é como tendo "uma cabeça amarelada e em um formato de estrela-do-mar de cinco pontas". Recomendo a leitura da adaptação que o Gibiscuits fez de Nas Montanhas da Loucura há algum tempo.

"(...) um certo espelho, um pouco maior que a palma da mão de um homem e a ser construído do negro vidro que os vulcões fazem da areia." — Trata-se de um espelho feito de obsidiana altamente reminiscente do espelho divinatório do Dr. John Dee em seus experimentos mediúnicos.


Página 34
Os "prodigiosos métodos de cura" são os tais quatro métodos tão citados em Providence.

As "vinte e cuatro letras" são o alfabeto Aklo, que vimos com detalhes na página 37.

As "grandes habilidades com cálculos" ecoam a matemática heterodoxa de Hezekiah Massey em Sonhos na Casa das Bruxas (The Dreams in the Witch House, no original).

Salvo engano H.G. Wells já foi mencionado em outro apêndice de Providence... mas o link está aí de novo para refrescar a memória.

Se você nunca ouviu falar de As Mil e Uma Noites, está precisando tomar um banho de cultura!

Al Buni, já mencionado, fez anotações no Kitab por volta de 1203 d.C., ao menos segundo o panfleto de Suydam.

Djinn são criaturas do folclore árabe, principalmente anterior ao islamismo.

Os "sete planetas" a que o texto se refere são os considerados "corpos celestes clássicos", astros que podiam ser identificados a olho nu e que são a base da astrologia/astronomia primitiva. Lua, Sol, Marte, Vênus, Mercúrio, Júpiter e Saturno. Observem que na antiguidade os conceitos de astronomia e astrologia eram idênticos, sendo que essas duas áreas do conhecimento só vieram a se separar muito recentemente em termos históricos.

"E então todo o mundo foi feito errado, quando o que havia sido foi enterrado e esquecido." — Bem, essa ideia do mundo ter sido criado como algo falho, corrompido e corruptor, é um aspecto marcante da crença Gnóstica. Outro detalhe aqui é a referência ao que foi enterrado e esquecido. Em várias ocasiões, nos mitos de Cthulhu principalmente, a ideia de que uma raça que já foi dominante e hoje está submersa é uma constante. Em Providence já tivemos outras "dicas" nesse sentido.


Página 35
"(...) selvagens homens-peixe e suas belas mulheres-peixe que têm suas cidades de jóias abaixo dos nossos mares do sul (...)" — Essa referência é aos Abissais (ou "profundos", dependendo da tradução... no original, Deep Ones) de A Sombra Sobre Innsmouth e outros contos. Na sequência desse trecho temos o excerto que Black vê na página 13, quadro 1.

As "duas máscaras", além das hipóteses mencionadas anteriormente, podem se referir também ao Alto Sacerdote de Leng em A Busca Onírica por Kadath e em Fungos de Yuggoth. Nos últimos contos em que Nyarlathotep aparece, fica subentendido que ele tem realmente máscaras diferentes, embora HPL não use precisamente essa terminologia. No contexto, a discussão de alguém que usa rostos diferentes nos sonhos e no mundo desperto sugere que HPL, cujo alterego era Randolph Carter, teve ele mesmo aventuras no mundo onírico.

Pelos detalhes fornecidos aqui, pode-se cravar que o tal Redentor profetizado no Kitab é ninguém menos que o próprio Howard Phillips Lovecraft. Vejam as anotações que fiz na página 13!

"(...) pois no seu próprio dia nem ele será reconhecido." — Esta é uma citação um tanto hermética mas deve ser interpretada como "nem entre os seus contemporâneos terá sua grandeza reconhecida". Serve muito bem para descrever HPL, que não chegou a alcançar a fama além de seu pequeno círculo de amigos e correspondentes até bem depois de sua morte.

"(...) nascerá onde há sete colinas (...)" — A cidade de Providence, Rhode Island, assim como Roma foi fundada sobre sete colinas.

"(...) escondido da vista dos homens como alguém amaldiçoado." — Isso se refere a como Susie Lovecraft considerava seu filho "digno de ser ocultado do mundo", segundo a obra de Kenneth W. Faig, "The Parents of Lovecraft" (Os Pais de Lovecraft, inédito no Brasil).

"Sua Mãe será branca como calcedônia (...)" — A mãe de HPL tinha uma pele muito alva, de acordo com sua amiga Clara Hess. Fofocava-se na cidade que Sarah Susan Phillips Lovecraft usava cremes à base de arsênico para branquear ainda mais a pele, mas não há evidência real disso, embora de fato arsênico tenha sido usado pelo menos desde o tempo da Roma Antiga como um cosmético com essa finalidade. Moore abordou isso em Recognition, um dos contos adaptados para uma minissérie da Avatar chamada Alan Moore’s Yuggoth Cultures and Other Growths, que está em nossos planos para o futuro...

"(...) e seu Pai foi embora (...)" — O pai de HPL era uma espécie de caixeiro viajante, e quando HPL ainda era criança, seu pai foi internado em um sanatório por conta de degenerações neurológicas causadas pela sífilis. Certamente o alheamento de HPL ao sexo se deveu em muito ao trauma de ver seu pai no estado em que terminou, ainda mais porque se dizia (ainda que de forma não comprovada) que Winfield Scott Lovecraft teria contraído sífilis de uma prostituta em uma de suas viagens. Exames posteriores revelaram que nem a esposa e nem o filho contraíram a moléstia.

"(...) no que seu Progenitor, guiado por seu próprio desígnio, se fez a escola dele para aqueles assuntos do mundo oculto pertinentes aos milagres observados pelo povo do campo." Colin Wilson, em sua introdução para o Necronomicon de Hay, especula que Whipple Phillips (o avô materno de HPL) era um maçom (fato) e teria instruído HPL no ocultismo (hipótese). Se isso tem ou não procedência, não há como tirar a limpo, mas o fato é que o avô realmente fez o papel de pai do jovem HPL.


Página 36
Aqui temos o trecho que vimos na página 02 e na página 13, só que mais detalhado.
“N____-hotep” é Nyarlathotep, também chamado de O Faraó Negro. O sufixo "hotep" é realmente uma raiz egípcia (htp) e pode ser traduzido de forma rudimentar como "estar satisfeito" ou "estar em paz". "Nyarlat" é aparentemente uma invenção de HPL.

"(...) aqueles que foram, e ainda são, e adiante serão (...)" — Semelhante à citação de O Horror de Dunwich, que por sua vez "cita" o Necronomicon: "Os Antigos foram, os Antigos são, e os Antigos serão." Notem que a ideia cíclica combina com a noção de que o que está enterrado e esquecido voltará algum dia.

"Pois não é dito que o Eterno não conhece fim nem mudança, e a morte morre se aeons são medidas estranhas?" — Uma releitura dos famosos versos do Necronomicon, citados em O Chamado de Cthulhu: "... "Não está morto o que eternamente jaz inanimado, e em estranhas realidades até a morte pode morrer." As medidas estranhas, tomadas em conjunto com a "massa fixa", refletem que os seres com cabeças de estrela ensinaram sua matemática a Khālid Ibn Yazīd.

Os reinos anteriores a Khem (Egito Antigo) a que se refere Al Buni são as primeiras civilizações mesopotâmicas.

"(...) que conheceu o âmbar (...)" — Âmbar é um material primitivo associado com o fenômeno da eletricidade, e ao esfregá-lo em cerdas ou em tecido macio ele pode acumular uma carga elétrica e causar centelhas. Isso certamente pareceria feitiçaria para as pessoas da época.

“Nebuchadnezzar” é o nome de diversos reis da Mesopotâmia. Em português esse nome ficou conhecido como Nabucodonosor, mas tenham em mente que houve vários reis mesopotâmicos que usaram esse nome.

"(...) o título de um poderoso Djinn (...)" — No folclore árabe, os Djinns (que conhecemos como gênios, tipo o gênio da lâmpada mágica do Aladin...) são entidades sobrenaturais que podem conceder poderes e dádivas.

"(...) uma filosofia para penetrar os pensamentos do homem (...)" — Possivelmente entrar nos sonhos de alguém, assim como Johnny Carcosa fez em Neonomicon. De fato, a "filosofia" pode ser mesmo o próprio Aklo, a invadir e mudar o pensamento humano.

"(...) um tipo de fala que é incomum que traz com ela sensibilidades nocivas e alienígenas." — É o Aklo, como Aldo Sax "experimentou" em O Pátio. Johnny Carcosa, como um autoproclamado "avatar de Nyarlathotep", demonstrou algumas dessas habilidades.


Página 37

A tabela de letras Aqlo/Aklo.


Página 38
Uma anotação geral que serve para "tudo" até agora, de O Pátio até esta edição de Providence e para as posteriores: muitas das definições Aklo são paradoxos aparentes, ou antinomias. Assim como qualquer bom paradoxo, não quer dizer que não seja verdadeiro. Seguem uma linha de lógica similar ao "Até a morte pode morrer" de Lovecraft.

"(...) inversões de ocultação em suas orientações e suas ordenações." — Possivelmente uma referência ao processo criptográfico onde algumas das ordens das palavras estão invertidas. Esse é um resultado natural da "escrita espelhada", assim como os reflexos das letras estão invertidos em um espelho, e dessa forma poderiam ser o resultado de usar o espelho negro como um meio de comunicação. Na prática, isso pode abafar o impacto psicológico de aprender Aklo. Um outro detalhe: Não só os caracteres Aklo são parecidos com o Hebraico, mas também se escreve da direita para a esquerda... dado que Black é um "judeu enrustido", essas correspondências entre o Aklo e o hebraico podem ter parecido significantes para ele.

FHTAGN é uma palavra do famoso verso “Ph’nglui mglw’nafh Cthulhu R’lyeh wgah’nagl fhtagn” ("em sua casa em R'lyeh, o morto Cthulhu espera sonhando") de O Chamado de Cthulhu. A definição dada em Providence sugere uma tradução mais sutil da frase, trazendo a ideia de um poder que cria a si mesmo.

"WZA Y’EI, DHO-NHA e YR NHHNGR" são definições Aklo vistas em O Pátio.


Página 39
"Y’GOLONAC" é a entidade do infame conto "Cold Print", de Ramsey Campbell, um dos maiores escritores de horror da atualidade e herdeiro direto das tradições lovecraftianas. Quem leu garante que a definição aqui em Providence é apropriada. Pena que não se encontre nada dele nas prateleiras de nossas livrarias.

"PH’NGLUI" é outra referência ao verso de O Chamado de Cthulhu.

"Por que me sinto tão angustiado, como se algo realmente ruim estivesse prestes a acontecer ou, pior ainda, já esteja acontecendo?" — Black está aparentemente ganhando uma antevisão instintiva ou de perspectiva de tempo, de forma que em ao menos em algum nível subconsciente ele já saiba o que está havendo.


Página 40
Vemos aqui a íntegra do trecho refletido nos óculos de Black na página 14. Aparenta ser uma profecia similar ao apocalipse Gnóstico ou apócrifo. O colapso do tempo tem fortes reminiscências do fim de Os Invisíveis, de Grant Morrison, série que espero que seja concluída no Brasil algum dia!

"Aquele que é como uma porta feita de orbes será o primeiro a se manifestar (...)" — Esse seria Yog-Sothoth. Pode ser uma referência a Yog-Sothoth se manifestando para "fecundar" Leticia Wheatley em Providence 04. Em O Horror de Dunwich, Yog-Sothoth é descrito como "o que conhece a porta. Yog-Sothoth é a porta. Yog-Sothoth é a chave e o guardião da porta" numa tradução livre.

"(...) aquele cuja metade é uma constelação e que está além de toda a nomeação e todo o conhecimento (...)" — Possivelmente este seja Hastur, "o Impronunciável", que é frequentemente associado à constelação de Touro no sistema Aldebaran.

"(...) aquele com muitas faces que é a sua temível voz." — Mais uma referência a Nyarlathotep.

"(...) aquela que é a nuvem fértil que procria sem cessar (...)" — Shub-Niggurath. Em uma carta a Willis Conover, Lovecraft a descreveu assim: "A esposa de Yog-Sothoth é a infernal Shub-Niggurath, que tem a forma de nuvem..." (Cartas Selecionadas 5.303)

"(...) e enfim aquele que sonhará um novo passado que pode incluir seu nascimento, sua soberania e seu sonhar." — Cthulhu. A implicação é de que Cthulhu essencialmente sonha a própria existência.

"(...) os símbolos certos que concedam contenção. As presenças que nascem do oceano podem ser contidas por um símbolo que é como uma cruz com ganchos (...)" — Lembram das suásticas que apareceram em Providence 03? Olha elas aqui de novo. Faz sentido pensar que um "povo-peixe" teme um símbolo com ganchos (hooks, no original, também pode ser traduzido como "anzóis").

"(...) Da mesma forma essas presenças pertinentes aos éteres ou ao elemento terreno podem ser amarradas por um arranjo que é como uma estrela com cinco pontas, uma das quais é predominante." — Moore está suavemente emprestando a teoria elemental de August Derleth, que depois da morte de HPL escreveu colaborações que dividiram as entidades maiores dos Mitos entre os elementos clássicos (fogo, terra, água e ar... coração não entra senão teríamos o Capitão Planeta!), chegando até a criar uma nova entidade (Cthugha) para preencher a "vaga" de elemental do fogo na cosmologia de Lovecraft. Contudo, Moore está também direcionando para as diferentes representações do Sinal Arcano (The Elder Sign, no original), que Lovecraft descreveu como uma suástica em A Sombra Sobre Innsmouth e que Derleth mais tarde descreveu como um pentagrama... o que confere mais impacto ao pentagrama que Black descobriu no porão de Suydam em Providence 02.


Página 44 - Contracapa
O trecho citado na contracapa não foi publicado. Moore provavelmente tirou esse excerto de "An H.P. Lovecraft Encyclopedia", que é inédita no Brasil.

11 comentários:

Gabriel disse...

Estou curtindo demais esses post de referencias continuem assim
vlw.

Carfrangs disse...

Parceiro, excepcional trabalho tanto da hq qto dos extras, obrigado mais uma vez, bastante coisa pra ler nesse final de ano!!

O Leitor disse...

Vou deixar umas modestas considerações:

- Um ponto recorrente é a presença do quadro com o retrato de Edgar Wade, que parece observar, com um sorriso sarcástico, o desenrolar da situação.

- Nas seis edições, Robert Black passa "raspando" por situações potencialmente mortais e sobrevive. Inicialmente, poderíamos considerar sua "sorte" como consequência de sua posição como "arauto". Entretanto, a cada nova edição, os danos, tanto mentais quanto físicos, decorrentes de suas experiências estão aumentando.

- A passagem pela biblioteca, onde a bibliotecária, o faxineiro e os usuários aparecem ao mesmo tempo em posições diferentes pode indicar que Black foi para um estado em que está percebendo a realidade através da quinta dimensão. Na quinta dimensão, a dimensão do tempo se torna uma dimensão de espaço, o que explicaria as presenças simultâneas. Pode significar também uma referência metalinguística aos quadrinhos, já que podemos ir tanto "para frente" quanto "para trás" ao lermos uma história.

jesse disse...

parabéns, a série é ótima e o trabalho de vcs fenomenal...

Marcio Roberto disse...

"coração não entra senão teríamos o Capitão Planeta!)" Kkkkkkkk aiai, essa foi boa! Bom, finalmente é hora d epassar para a stima edição. Bom de acordo com ctudo que já foi visto e comentado aqui, creio que:

O Black é o arauto de Lovecraft, o redentor. Sua função seria escrever o livro que funcionará como o catalisador de Lovecraft, que escreverá sua mitologia para mostrar ao mundo o poder dos antigos embora é claro, muitos não acreditarão. Sendo assim o Apocalipse começaria com a chegada de Cthulhu, no ventre da policial que vimos em Neonomicon. No fim, Black ou morrerá ou acabará num sanatório, a única chance dele seria a de aceitar o que está acontecendo e achar uma forma talvez no Necronomicon, de parar estas entidades em seu plano de dominação, ou seja lá o que elas querem. Como vimos em Horror em Dunwich, há formas de parar mas são muito perigosas.

Estas coisas estão acontecendo com Black para que ele possa escrever no seu livro, embora pelo que parece, ele está a serviço de algum outro ser, segundo o que vimos na edição 04 segundo o Wilbur, acho.

Agora espero que ele consiga no fim, escapar e juntar-se talvez ao Tom Malone. E espero também que a história em algum momento continue a história de Neonomicon.

Unknown disse...

A passagem do Sr. Black por Manchester foi nada menos que ESPETACULAR! Para ler e reler várias vezes (de preferência com as referências em mão). Parabéns pelo excelente trabalho, DE TRADUÇÃO E REFERÊNCIAS. Sendo apaixonado pelo trabalho do Lovecraft e um devoto de S. Alan Moore, estou devorando essas HQs!! Acho que devo reler Neonomicon com muito mais cuidado...

Unknown disse...

A estadia do Sr. Black por Manchester foi simplesmente ESPETACULAR! Digna de ser lifa e relida ( de preferência com as referências ;-)) Meus parabéns pelo excelente trabalho! Como apaixonado pela obra do Lovecraft e devoto de S. Alan Moore, estou simplesmente devorando essa HQ!

Miguel Rude disse...

"(...) pois só no mundo que está abaixo as coisas tem sua real moradia, e nós e nossos atos não somos nada além de sua sombra."
Me faz parecer que nosso mundo é o mundo invertido de Strange thinhgs, uma sombra grotesca do mundo real que não é nosso.
Deu pra entender ? Nossa realidade seria a do monstro apelidado de 'demogorgon" da série comparado a realidade real além da nossa repleta de detalhes como seria a cidade comparada ao mundo invertido. Somos só e apenas uma versão melhorada do mundo invertido. Mas tão tóxica quanto ela.

miguel disse...

"(...) escondido da vista dos homens como alguém amaldiçoado."
Deve ser por isso que a mae dele o fantasiava como menina pra esconde-lo de alguma forma das entidades?
Ou que as tias quisessem que ele morasse "escondido"/"apagado" dos demais com elas e não tendo uma vida normal sendo escritor , casado com sua esposa chapeleira?
Nesse sentido ele lembra muito o maluco desenhado em authority vs planetary que acha que negros colocavam ovos.

Miguel Rude disse...


"(...) uma filosofia para penetrar os pensamentos do homem (...)" —"(...) um tipo de fala que é incomum que traz com ela sensibilidades nocivas e alienígenas."
Me remeteu muito ao novo filme que tentam traduzir uma nova letra/linguagem de aliens semelhantes hora a ctulhu (polvo que fala por tinta), hora aos seres com cabeças de estrelas.
Esses seres vieram aqui em pedras como "A Cor que Veio do Espaço" , mas da mesma forma que entregam conhecimento, entregam a loucura de estar num tempo não tempo toda vez que tenta compreender essa linguagem e uma doença que afetará todo o mundo, sem solução, inclusive pra filha da tradutora dessa linguagem.

Scant disse...

ESPETACULAR!